Olá!!!!!

Você está entrando num mundo de sensações poéticas, lembre-se, tudo o que você possa vir a sentir será de sua inteira responsabilidade.

PHOENIX

PHOENIX

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Houve...


Houve um "não houve" de coisas...
Existiu, uma inexistência de ações
Houve uma fraquesa de forças
Existiu, uma ruptura de razões...

Existiu até um adeus...
Logo seguido de um olá
E tudo continuou, nos olhos teus
Da mesma maneira que está...

Mas nada está, como se quer estar
Nada está, da forma que se pensa ficar,
E teu olhar, pode não observar
Mas nada que ainda há, vai continuar...

Lamento... é o que sinto
Um grande lamento por tudo
É sempre triste o que é finito
É sempre uma espécie de luto

Haverá talvez um dia
Em que tudo será igual
Um raio perdido de alegria
Um sol perdido no temporal

Haverá, sempre há...
Algum sorriso, escondido
Naquele dia, que um dia surgirá
Sem sofrimento, ficando até bonito.

domingo, 6 de setembro de 2009

Achados & perdidos.

Marcelo Nocelli (em seu sarau em santana, tel: 3467-6160), visite seu site:  mnocelli@uol.com.br  muito bom!


Embora esteja numa página de poemas é um conto... e esse não é meu, é de um escritor com livro já editado, contos premiados, enfim, um expert na arte de escrever...
"quem sabe um dia chego lá também"! Boa leitura...


Conto


Achados & Perdidos.


Eu nunca achei nada. É nunca encontrei nada. Na minha família todo mundo já achou alguma coisa. Minha irmã já achou dinheiro na rua, minha mãe já achou corrente de ouro, carteira, cartão telefônico e até cartão de crédito. Até meu pai já achou coisas nesta vida: corrente de ouro, livro em banco de praça. Meu pai também já achou que eu era veado. Hoje ele não acha mais isso. Hoje ele acha que eu sou vagabundo.


Eu nunca achei nada. Nunca achei dinheiro na rua. Nunca achei uma faculdade ou curso que me interessasse. Nunca achei emprego e nunca achei uma namorada decente.


Desde criança é assim. E pior que não achar nada, é ser sempre achado. Imaginem o sofrimento que era pra mim uma simples brincadeira de esconde-esconde.


É... Sempre fui achado. A polícia já achou que eu era maconheiro, ladrão... Meus vizinhos acham que eu sou mal-elemento. Meu pai, como disse acha que sou vagabundo, e minha mãe acha que eu sou um coitado. E eu, não acho nada.


E mesmo quando achava alguma coisa. Achava errado. Tempos atrás, uma garota lá do bairro, que já saiu com todos os meus amigos e inimigos disse que achava que estava grávida. Esperando um filho meu. Eu achava que não poderia ser meu. A mulher saiu com todo mundo. E não é que era. DNA e tudo. Naquele dia achei que eu estava fodido. Mas não. Achei errado mais uma vez. O menino já está com cinco anos. É um garoto esperto. A mãe não me cobra nada. E posso vê-lo quando quero. Acho que está tudo bem. Melhor não achar nada por enquanto. Acho que a mãe dele gosta de mim. Mas acho que ela acha que eu não seria um bom marido, talvez nem um bom pai. Acho que ela pensa isso porque eu nunca achei um emprego, conseqüentemente nunca tenho dinheiro pra nada, e um homem sem dinheiro, para uma mulher, não vale nada.


Ela arranjou um outro cara. Estão morando juntos. E por isso meu pai agora acha que eu sou corno. Mas eu não acho isso, nunca tivemos um relacionamento. Foi apenas uma transa. Eu acho.


Durante muito tempo fiquei achando que realmente não daria em nada. Que minha vida era fútil, que nunca acharia nada pra fazer... Mas de uns tempos pra cá, comecei a me interessar por poesia. E agora estou achando que sou poeta e meu pai continua achando que eu sou um vagabundo.

Marcelo Nocelli
(também escritor do Livro "O ESPÚRIO")