Olá!!!!!

Você está entrando num mundo de sensações poéticas, lembre-se, tudo o que você possa vir a sentir será de sua inteira responsabilidade.

PHOENIX

PHOENIX

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Túnel


Tenho me cansado em sentir o sabor do sal
Tenho me cansado de não ver meu olhar
Cansado, o suficiente de desejar, só um ritual
De desejar apenas um leve toque de ar.

Cansei de me sentir sem sentido algum
De me sentir num vácuo do tempo
De me sentir tão e somente apenas um
De me sentir perder num cálculo de espaço

Olho pra um espelho
Que de verdadeiro
Só me olha zombeteiro
E isso já é costumeiro

Me dizem, isso, você construiu
Seus castelos feitos de areia
Nunca tiveram firmeza, caiu
Ao primeiro sal de mar, numa cheia

Mas como escolhi algo que não escolhi
Como se colhe frutos dos quais não se planta
Como se tem experiências duma vida que não vivi
E como é que pode morar num inferno uma santa?

Não há coerência na ordem dos universos
Não florescências na escuridão dos cleros
Não há nada o que se pode fazer a um herói perdido
Que teve rasgada sua roupa que o protegia, se vê, ferido

Não há glória alguma em sentir o próprio sal
Não vitória alguma em passar por tão duras pedras
Não existe flor, não existe nada, nem bem nem mal
Não existe nenhuma novidade, além da quebra

O corpo fica fraco ferido e cansado
Não se sabe mais o que é bom
Não se sabe mais viver o que pode ser dourado
Não se sabe ritmar mais o coração.

É ruim
Sim
Muito
Um luto

Cansei de sentir meu próprio sal
Numa carranca plena e abissal
Cansei de andar sem rumo
Indo direto pra um eterno túnel

Patrícia Hakkak















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